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Seção Review - Álbuns Clássicos do RAP: Nas "Illmatic"

31/07/2007


Apartir desta semana o Portal Hip Hop lança mais uma novidade para você, além do artista da semana, agora toda semana também postaremos um álbum clássico do Rap, para você ler a história desse álbum, baixar e curtir ae na sua casa, para começar colocaremos o álbum que é considerado pelos críticos e por muitos rappers o melhor de todos os tempos do cenário Hip Hop, e considerado um dos maiores álbuns da música em geral, vale a pena conferir essa obra-prima que influenciou muitos rappers da nova geração.

Artista: Nas

Álbum: "Illmatic"

Ano: 1994

Gravadora: Columbia Records


Inesperadamente, este disco lançado em 1994 teve um impacto profundíssimo no hip-hop.

Inesperadamente, porque se tratava da primeira tentativa de Nasir ‘Nas’ Jones. Nas, filho do lendário trompetista jazz Olu Dara, aos 20 anos, era um virtualmente desconhecido rapper que agrupara uma onda de expectativa nas ruas de NY por causa de uma aparição como convidado numa música dos Main Source. O hype que se foi gerando ajudou a aglutinar um conjunto de produtores de jazz-rap, com vista a criação de um manifesto hip-hop que celebrasse o naturalismo da Golden Era de 1986-1993, e desenhasse esquissos para o futuro do género, que entrara entretanto em profunda crise existencial.


O advento da criação do gangsta-rap e do G-funk, estilos tipificados no brilhante álbum The Chronic (1993) provocou um colapso no núcleo estético e valorativo do hip-hop. Na costa oeste dos E.U.A, fazia-se então um novo tipo de música para os jovens negros da América. As temáticas tinham algumas semelhanças, mas a escala de valores era diferente: drogas e violência. Só e em excesso, glorificadas. Movimento liderado pelo génio musical de Dr.Dre e corporizado na figura de Snoop Doggy Dogg, não obstante a relevância estilística e o valor musical concreto, estupidificavam o hip-hop, e iam contra a herança dos líderes culturais negros, da luta pelos direitos e da intelectualidade do ‘New African-American’, prolongada pelos rappers maiores da Golden Era, Kool G Rap, Big Daddy Kane, e Rakim, ou até pelos Public Enemy.


Nas construiu, com base nesse legado cultural, o álbum mais importante de sempre do hip-hop. A equipa de produtores era de luxo no estilo jazz-rap: Q-Tip, Pete Rock, DJ Premier, e Large Professor. As batidas foram construídas para albergarem da melhor maneira o estilo de Nas: batidas intensas, sampling de loops melódicos, piano atmosférico, e por vezes instrumentos de sopro ou cordas abafados. Apesar de ter vários produtores, o disco tem uma atmosfera coesa, quase sufocante. Respira-se um ar carregado, como se o imagina nos bairros de NY, há uma dor e uma alegria submergidas na ambivalência da vitalidade e celebração da juventude contra a visualização quotidiana da morte e da miséria. As crónicas da vida urbana aparecem numa sucessão de palavras, num flow feito com um à-vontade que arrepia. O retrato da violência (não a celebração) como condição sócio-económica, a vivência de um adolescente em passagem para a idade adulta, vítima do capitalismo e da pressão da superação pessoal atormentam-no:

"Sentence begins indented, with formality

My duration's infinite, money-wise or physiology

Poetry, that's a part of me, retardedly bop

I drop the ancient manifested hip-hop, straight off the block

I reminisce on park jams, my man was shot for his sheep coat

Childhood lesson make me see him drop in my weed smoke

It's real, grew up in trife life, did times or white lines

The hype vice, murderous nighttimes, and knife fights invite crimes"


Os complexos mas fluidos padrões de rima, o virtuosismo lírico, a intricada construção de narrativas na 1ª pessoa, os jogos de palavras e o impressionante vocabulário escalado cuidadosamente, soam a algo feito sem grande esforço. Talvez nunca mais tenham sido igualados no hip-hop (nem mesmo pelo álbuns posteriores do próprio, claramente inferiores). O diagnóstico do New York state of mind:

"Rappers I monkey flip 'em with the funky rhythm

I be kickin Musician, inflictin composition of pain

I'm like Scarface sniffin cocaine (…)

I got so many rhymes I don't think I'm too sane

Life is parallel to Hell but I must maintainbe prosperous, though we live dangerous, cops could just arrest me, blamin us, we're held like hostages

It's only right that I was born to use micsand the stuff that I write, is even tougher than dykes

I'm takin rappers to a new plateau, through rap slow

My rhymin is a vitamin, held without a capsule

The smooth criminal on beat breaks

Never put me in your box if your shit eats tapes (…)

The city never sleeps, full of villians and creeps

That's where I learned to do my hustle had to scuffle with freaks

I'ma addict for sneakers, twenties of buddah and bitches with beepers

In the streets I can greet ya, about blunts I teach ya

Inhale deep like the words of my breath

I never sleep, cause sleep is the cousin of death

I lay puzzle as I backtrack to earlier times

Nothing's equivalent, to the new york state of mind”


E o auto-retrato em Life’s a Bitch (seguido de um hipnótico trompete, tocado por Olu Dara) e também em The world is yours:

“I woke up early on my born day,
I'm twenty years of blessing

The essence of adolescent leaves my body now I'm fresh in
My physical frame is celebrated cause I made it

One quarter through life some God-ly like thing created (…)
I sip the Dom P, watchin Gandhi til I'm charged

Then writin in my book of rhymes, all the words pass the margin

To hold the mic I'm throbbin, mechanical movement Understandable smooth shit that murderers move wit (…) I'm out for dead presidents to represent me”

 Quando se imagina que vai fazer concessões a um som mais pop, com refrões cantados, ou com vozes femininas em registo r'nb, ele dá-nos a volta e mantém-se nas raízes. Os grandes trunfos do disco são Halftime e One Love. Mas isolar estas músicas é injusto, porque este disco foi feito para ser ouvido todo seguido. Em 45 minutos de música, ao contrario dos normalmente exagerados '74 dos discos hip-hop, Nas conseguiu pôr lá tudo o que o hip-hop tem de maravilhoso. Ao contrário do ethos do rock, do “live fast and die young”, o hip-hop acredita no “live fast because you die young”. Há por norma no hip-hop um pessimismo quase niilista. Mas há em Illmatic uma metáfora maior para a Música, que é a luta pela liberdade, pela permanência na inocência infantil, que é talvez a luta do Homem. Manter a sua essência. E esse optimismo de quem já viu o pior, restaurou a fé perdida num inteiro movimento cultural. Um álbum essêncial, aclamado pela crítica (um dos 500 Greatest Albums of All Time da Rolling Stone, por exemplo), aclamado pelo público, atingiu a maior honra do hip-hop instantaneamente, que é ser considerado um classic.

Track List:

1."The Genesis"
2."N.Y. State Of Mind" (prod. DJ Premier)
3."Life's A Bitch" (feat. AZ; prod. L.E.S.)
4."The World Is Yours" (prod. Pete Rock)
5."Halftime" (prod. Large Professor)
6."Memory Lane (Sittin' In Da Park)" (prod. DJ Premier)
7."One Love" (prod. Q-Tip)
8."One Time For Your Mind" (prod. Large Professor)
9."Represent" (prod. DJ Premier)
10."It Ain't Hard To Tell" (prod. Large Professor)

Faça o download desse álbum: Nas- Illmatic

1 comentários:

kwanza bill disse...

lindo