Atenção para isso:
Lígia Nogueira do G1, em São Paulo
Muito mais do que o próprio conteúdo, o barulho em torno do novo álbum de Kanye West está diretamente ligado à "batalha de rappers" travada com 50 Cent, que declarou publicamente não lançar mais trabalhos solo caso "Graduation" vendesse mais cópias do que "Curtis".
Ambos foram lançados dia 11 de setembro nos Estados Unidos e agora, uma semana depois, Kanye West, de 29 anos, sai vitorioso, com mais de um milhão de cópias adquiridas, enquanto Curtis James Jackson III (verdadeiro nome do "rival") amarga a derrota com "apenas" 600 mil cópias nos EUA.
A quantidade de discos vendidos já não expressa mais a popularidade de um artista. Mas, na tentativa de reverter esses números – as vendas de CDs estão 14% mais baixas em relação a 2006 – a indústria vinha alimentando a "batalha" sempre que possível.
Kanye West ultrapassou a marca das boas vendas em 2007. Até agora, o lançamento de maior sucesso do ano tinha sido "Minutes to midnight", do Linkin Park, que vendeu 623 mil cópias pela Warner em sua primeira semana. Mas o que os fãs de hip hop ganham com isso?
Apesar de bastante elogiado pela imprensa afora, "Graduation" não tem o fôlego dos outros dois álbuns de estúdio de West, "Late registration" (2005) ou "The college dropout" (2004). Não espere contagiar-se imediatamente com as batidas de "Jesus walks" ou "Gold digger", antigos hits do pupilo de Jay-Z.
Pois, com exceção de "Stronger", feita à base de Daft Punk, o rapper parece ter diminuído a marcha. Algumas músicas, a exemplo de "Drunk & hot girls", com participação de Mos Def nos vocais, soam nada mais do que enfadonhas.
É certo que a boa produção do álbum faz com que os samples e batidas se encaixem com sofisticação – caso de "I wonder", com trechos da banda dos anos 70 Steely Dan, e "Everything I am", com participação do DJ Premier e referências a Public Enemy. Entre os convidados presentes em "Graduation", aliás, figura o chorão Chris Martin. O canto do Coldplay faz dueto com Kanye West e Warryn Campbell em "Homecoming", um dos maiores equívocos do álbum.
A boa capa, com direção de arte do badalado Takashi Murakami, considerado o Andy Warhol japonês, é um dos pontos altos do disco que, apesar dos elogios e das altas vendas, não tira o rap mainstream da mesmice.
Lançamento de Kanye West não salva o rap comercial
20/09/2007
Postado por NP às 13:21
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